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sábado, 7 de agosto de 2010

Katallassein, a Palavra da Reconciliação


– Definindo:

O termo grego para o verbo “reconciliar” é katallassõ que denota “mudar”, “trocar” acerca de pessoas, “mudar de inimizade para amizade, reconciliar”. O uso deste verbo e de outras palavras relacionadas mostra que a “reconciliação” é primariamente o que Deus realiza exercendo Sua graça para com o homem pecador com base na morte de Cristo em sacrifícios propiciatório sob o julgamento devido ao pecado.
A doutrina da “reconciliação” como o próprio termo assim o define, consiste da mudança da relação de hostilidade que existiu entre dois indivíduos, passando eles a serem amigos entre si. Essa relação de hostilidade é alterada para a relação de paz.


2ª – No grego Clássico:

Katallassein é a forma composta do verbo simples “allassein”. A palavra “allassein” pode ser usada para expressar uma forma, uma cor ou uma aparência que muda. Pode ser usada, também, no sentido de trocar ou permutar – (que do latim “permutares” – dar uma coisa em troca de outra); e pode ser freqüentemente usada para tomar uma coisa em troca de outra.

3ª – No grego Secular:

Já no grego secular adquire o sentido quase técnico de “trocar dinheiro ou trocar por dinheiro”. Plutarco conta como quatro irmãos sírios furtaram os vasos de ouro do rei em Corinto e como, peça por peça, os trocaram por dinheiro (Plutarco: Arato 18). Aristóteles fala dos soldados profissionais e mercenários que estão dispostos a trocar suas vidas por um ganho pequeno (Aristóteles: Ética a Nicomaco 1117 s 20). Xenofonte conta acerca de um homem que guerreara contra Ciro e que depois se tornou seu amigo de novo (Xenofonte: Anabasis 1.6.1), em todos estes casos o verbo é katallassein.

4ª – Katallassein no N. T.

Katallassõ:

Composta pela preposição “kata” e pelo verbo simples “allassein”. A preposição “kata” parece ser “baixo”, “de baixo”, “em baixo”, “para baixo”, “contra” etc. É usada como ablativo, o genitivo e o acusativo. Ainda se vê associado adverbialmente em sentido distributivo; como nominativo.

No ablativo - a tradução é muita vezes feita pela união da preposição e do contexto, At. 27:13,14; I Cor.11:4.
No genitivo – indica a pessoa ou a coisa sobre que ação do verbo opera, “para baixo”, “contra”, se bem que a preposição não signifique “contra”, mas apenas indica a pessoa ou a coisa que a referida ação do verbo afeta, At.14:2.
No acusativo – Este uso é muito mais freqüente. Dá idéia de lugar: “por”, “para”, “em direção ao”, Lc.9:6.
No nominativo – considerando um a um, Rm.12:5; Mar.14:19.
No genérico – o substantivo ficando sem o artigo, exemplos: Luc.8:1 MT.26:55 ; At.2:46;At. 15:20 ;Mac.13:8.


Apokatallassõ:

Formado de “apo”, ponto de partida, e o katallassõ. A preposição “apo” sempre como ablativo, tem idéia fundamental de separação ou afastamento. No caso de separação Mt.1:21; 6:13, em caso de derivação e procedência Mt.7:16; 11:29, e na causa ou ocasião M14:26; Hb.5:7 e no sentido partitivo S.Jo.21:10; At.2:17.

Geralmente aplicada de forma mais forte como: “mudar de uma condição para outra”, “tirar toda inimizade e não deixar impedimento algum à unidade e paz”, é usada em Ef.2:16, acerca da “reconciliação” pela cruz; em Cl.1:21, na mudança feita no crente individual da inimizade, por causa das más obras, para a “reconciliação” com Deus; em Cl.1:20, a palavra é usada acerca do propósito divino de “reconciliar” por meio de Cristo todas as coisas, “...todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus...”; exceto os anjos rebeldes e os homens incrédulos; “...as de baixos da terra...”; são subjugadas e na “reconciliadas”.


Diallassõ:

Significa “efetuar uma alteração”, “trocar”, e, por conseguinte, “reconciliar”; em casos de hostilidade mutua rendendo-se à concessão mutua. Usada em Mt. 5:24 e I Cor. 7:11. A palavra composta “diallassõ” iniciada pela preposição “dia” (dia) que indica:
-lugar: S.Jo.14:6; I Cor.3:15;Hb.11:29, etc.
-tempo: Lc. 5:5; Hb.2:15; Gl.2:1, etc.
-meio ou intermediário: I Cor. 3:5; Mt.1:22; II Cor.5:10; Ef.2:8, etc.
“dia” é usada como acusativo, significando “por causa de”, como idéia resultante, Rm.12:3; 15:15; Mar.2:27; S.Jo.6:57; Hb.5:12, “dia” é usado dando força de aperfeiçoamento ao sentido da palavra com que está composta.


Conclusão

É fundamental observar que o Novo Testamento quando fala sobre a ira de Deus, “a hostilidade é representada não como parte de Deus, mas do homem”.
Está é a razão porque o apostolo Paulo nunca usa o verbo “diallassõ”, palavra usada apenas em Mt.5:24 – porque essa denota concessão mutua depois de hostilidade mutua. “Katallassein” é sempre usada a respeito da restauração do relacionamento entre o homem e Deus.
Em Rm.5:11 fala de Jesus Cristo por intermédio de quem agora recebemos a “reconciliação” (katallage). Em Rm.11:15 explica a rejeição dos judeus, dizendo que aquela rejeição era necessária para “reconciliação” (katallage) do mundo. Em II Cor. 5:18;19 fala do ministério e da palavra da “reconciliação” (katallage). Em Rm.5:10 diz que quando éramos inimigos fomos “reconciliados” (katallassein) com Deus mediante a morte do seu Filho. Em II Cor.5:18-20 há uma serie inteira de usos desta palavra. Duas vezes Paulo usa de forma intensificada – “apokatallassõ” – Ef.2:16; Cl.1:20.
Deve-se ter cuidado que Paulo nunca fala em Deus sendo “reconciliado” com o homem, mas sempre nos homens sendo “reconciliados”. Era o homem, e não Deus, que precisava ser “reconciliado”. Não era Deus que precisava ser pacificado, mas era o homem que precisava ser movido à entrega, arrependimento e o amor.
O efeito a cruz mudou, não o coração de Deus, mas o coração do homem, a ira de Deus foi transformada em amor, e o julgamento de Deus foi transformado em misericórdia, por causa da morte expiatória de Cristo na cruz do calvário.
Aquela cruz foi o preço para realizar essa transformação nos corações dos homens. Cristo foi o agente da reconciliação na qual se torna realidade por meio dela. A “reconciliação” é um ato de Deus. Ele é quem toma a iniciativa, e Ele é quem essa obra ao seu final determinado.
A “reconciliação” diz respeito á hostilidade que havia entre Deus e o homem, por causa do pecado, produzindo o estado de paz. Transportando os homens do estado de inimizade para o estado de amizade. “Reconciliar” é devolver a unidade, harmonia, tudo aquilo que antes tinha se perdido por causa do pecado.

Bibliografia
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – R.N.Champlim, J.M.Bentes, pg.574,575
Palavras Chaves do Novo Testamento – William Barcley, pg.116,117
Introdução ao Estudo do Novo Testamento Grego – W.C.Taylor, pg. 234,259,273,4
Dicionário VINE – O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento – W.E.Vine, Merril F. Unger, William White Jr., pg.929,930

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