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sábado, 27 de novembro de 2010

QUANDO UM ESPINHO AGRADA À DEUS parte 1


Concepções sobre o espinho de Paulo
No decorrer da história da igreja, desde os primeiros séculos, tem-se sugerido várias opiniões e interpretações acerca do “espinho na carne” do apostolo Paulo, desde a mais ilustre como as mais bizarras explicações.
Tertuliano de Cartago, província romana da África (155-222 D.C), o mais vigoroso e intransigente dos primeiros apologista cristão – atribuiu o “espinho” de Paulo a fortes dores de cabeça.
João Crisostomos que viveu no terceiro século da era cristã (347-407 D.C) em Antioquia da Síria e Jerônimo de Dalmácia (342-420 D.C) – acreditavam que o “espinho” que maltratava o apóstolo eram também dores de cabeça.
Martinho Lutero de Eisleben, Alemanha (1483) o reformador, pensava que o “espinho” na carne do apóstolo era por causa das constantes perseguições, especialmente dos judeus que Paulo tanto amava. “Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;” Rm 9:3.
Joseph B. Lightfoot (1828-1889) de Liverpool na Inglaterra, um dos revisores da Bíblia King James Version, uns dos melhores eruditos do século XIX, referia-se ao “espinho” do apostolo Paulo a uma oftalmia, que possivelmente, deveria ser conseqüência do próprio incidente do Caminho de Damasco. Lightfoot explica também a resposta indignada que Paulo deu a sumo sacerdote, “Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele que o ferissem na boca. Então, Paulo lhe disse: Deus te ferirá, parede branqueada! Tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei e, contra a lei, me mandas ferir? E os que ali estavam disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus? E Paulo disse: Não sabia irmãos, que era o sumo sacerdote; porque esta escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo.” At23.2-5.
Posteriormente muitos se têm assim interpretado o texto. Mais quando Paulo escreve aos Gl. 6.11- “vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão”. A palavra “letra” empregada aqui é traduzida da palavra grega γράμμασιν (grammasin) que significa letras, escrituras, carta, etc. usada em 2Co3. 6 “...a letra mata, e o Espírito vivica” τὸ γὰρ γράμμα ἀποκτέννει, τὸ δὲ πνεῦμα ζῳοποιεῖ. Black, M., Martini, C. M., Metzger, B. M., & Wikgren, A. 1993, c1979. The Greek New Testament (electronic ed. of the 4th ed.) . United Bible Societies: Federal Republic of Germany
Já a palavra “grande” gr.πηλίκοις(pelikois) usada primeiramente a uma pergunta direta, “quão grande? quando? indicando quantidade, e não necessariamente o tamanho como se pensa.Possivelmente, ele deve ter “escrito” com letras grandes com a própria mão, o que também não é improvável, que signifique que nesse momento ele pegou a pena do amanuense e finalizou a epístola. Pois na linguagem grega o escritor de uma carta se colocava ao lado do leitor e falava dela como tendo sido escrita. Possivelmente Paulo está se referindo que a saudação final é escrita por suas próprias mãos.
Epaminondas M. do Amaral comentando o texto bíblico, indicou algumas razões sobre as possibilidades que a expressão “espinho na carne” não indicaria necessariamente sofrimento físico, mas sim, sofrimento morais.
Para os Teólogos gregos, o “espinho” referido no texto, eram os inimigos de Paulo, 2Tm. 4.14 – Alexandre, o latroeiro, que causava a Paulo muitos males.
Já os Teólogos latinos viam atrás da metáfora paulina as tentações afeitas ao sexo forte, exercendo na consciência do apostolo.
Outros entendiam que nada mais era do que o gênio intempestivo de Paulo, que o feria fazendo sofrer. “Quem sabe essa observação é por causa do temperamento colérico de Paulo, que geralmente essas pessoas são auto-suficiente, impetuoso, genioso e tem uma tendência á aspereza e até mesmo á crueldade. Ninguém é tão mordaz e sarcástico quanto o colérico. Essa seria uma séria deficiência emocional do colérico”.
E tinha aquele que atribui o “espinho” a uma epilepsia, outro a febre malária, que Paulo provavelmente teria contraído nas regiões insalubres da província romana da Ásia.
Alas reformistas da igreja norte-americana sustentam de forma aberrante que Paulo poderia ser homossexual.
Inúmera tese no mundo foi levantada para tentar entender o que há por detrás dessa frase “... um espinho na carne”, alguns chegam a defender que seria alguma culpa sexual que Paulo carregava.
A Bíblia diz que: “As coisas encobertas são para o Senhor; nosso Deus; porem as reveladas é para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprimos todas as palavras desta lei” Dt28. 29.
Definindo o termo Espinho
A onze palavras hebraicas e duas gregas que estão envolvidas neste verbete, a saber:
a) אטת ’atad – espinheiro, palavra hebraica que figura por quatro vezes: Sl.58.9 – “Antes que os espinhos cheguem a aquecer as vossas panelas, serão arrebatadas, tanto os verdes como os que estão ardendo, como por um redemoinho.” Neste caso aqui, o “espinheiro” ou “lenha” como aparecem em algumas versões, eram pequenos galhos de espinheiros que eram usados como combustível para obter um calor mais rápido. Sl. 118.12; Ecl.7.6. Já em Jz.914,15 esse pequeno arbusto e ramos afiados é a representatividade de Abimeleque , que aspirava ao exercício do poder sobre os outros.
b) חרק chedeq - espinho – termo hebraico que aparece por duas vezes: Mq. 7.4. Pv.15.19 “O caminho do preguiçoso é como a sebe de espinhos, mas a vereda dos retos está bem igualada.” Neste caso de provérbios o caminho do preguiçoso é cheio de espinho. Sobretudo porque era demasiadamente preguiçoso para retirá-lo (v.24.30,31; Os. 2.6).
c) חוח chowach - espinho,moita – palavra hebraica utilizada por doze vezes: 2Cr33.11;Jó41.2;Pv26.9;Ct2.2 etc. Em 1Sm13.6 “Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em angustia(porque o povo estava apertado), o povo se escondeu pelas cavernas , e pelos espinhais, e pelos penhascos , e pelas fortificações, e pelas covas,...” (nesta passagem,algumas versões traduz por “buraco”). Os homens de Israel estavam em apuros, devido à falta de armas (19-22). O exercito filisteus estava bem equipado, embora numericamente inferior, então o povo de Israel teve que sua de estratégia se escondendo pelos espinheiros ou buracos.
d) נעצוץ na ̀atsuwts - espinho – palavra hebraica usada por duas vezes: Is7.19;55.12,13. “Em lugar do espinheiro, crescerá a faia, e, em lugar da sarça, crescerá a murta; isso será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.” Esses versos (v.12,13) descrevem, de forma simbólica, a alegria da criação na ação redentora de Deus. Cumpridos em parte no retorno pós-exílico, os versículos são, em ultima análise, messiânico e escatológicos.
סיר ciyr ou (fem.) סירה ciyrah ou סרה cirah - espinho, gancho – palavra hebraica usada por quatro vezes, como sentido de espinho: Ecl.7.6;Is34.13;Naum 1.10; Oséias 2.6 diz que: “Portanto, eis que cercarei o teu caminho com, espinhos; e levantarei uma parede de sebe, para que ela não ache as suas veredas.”A proteção de Jeová – Essa atitude visa frustrar o propósito de Israel em buscar seus amantes, uma castidade forçada pelos espinhos. Israel seria forçado a se desinteressar pelos baalins. Temos aqui um gesto da graça e misericórdia divina querendo o bem da nação de Israel.
סלון cillown ou סלון callown - espinho, espinheiro – palavra hebraica usada no plural, por apenas uma vez: Ez2. 6. “E tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras; ainda que sarças e espinhos para contigo, e tu habites com escorpiões, não temas as suas palavras, nem te assustes com o rosto deles, porque é casa rebelde.” Figuras de linguagem para espinhos..escorpiões..,vívidas acerca dos que queriam dificultar a vida do profeta. A missão profética é para a palavra. Esta leva em si uma força tal que, mesmo sendo rejeitada, se impõe. Aquele povo haverão de reconhecer que o Senhor lhes enviou um profeta. Enviou com dois objetivos: para que se salvem, se o aceitarem; para que não tenham desculpa, se o rejeitarem.
צן tsen- espinho – palavra usada por duas vezes no hebraico: Jó 5.5 e Pv22. 5. “Espinhos e laços há no caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe dele.” A Bíblia Viva parafraseando esse versículo diz “o homem que despreza a Deus anda por um caminho cheio de espinhos e buracos; quem dá valor a sua própria vida se afasta desse caminho.”
a. צְנִינִם Tseninim – A espinheiro – palavra hebraica usada no plural por duas vezes: Nm.33.55 e Js.23.13. Ambas as passagens faze referencia aos espinhos, só que no caso Josué as promessas de Deus não eram incondicionais. As condições para terem a benção de Deus estavam expressas na obediência aos seus mandamentos, à fé na sua providencia e a separação dos ímpios (3-13). Os textos de Números o faziam lembrar se os israelitas deixassem de lançar fora totalmente os cananeus ímpios e de destruir seus locais de culto idolatra, Deus faria os próprios cananeus lhes afligir, e Ele mesmo julgaria o seu povo. “Lançareis fora todos os moradores da terra diante de vós e destruireis todas as suas figuras; também destruireis todas as suas imagens de fundição e desfareis todos os seus altos;” “estejam certos de que o Senhor, o seu Deus, já não expulsará essas nações de diante de vocês. Ao contrario, elas se tornarão armadilhas e laços para vocês, chicote em suas costas e espinhos em sue olhos, até que vocês desapareçam desta boa terra que o Senhor, o seu Deus, deu a vocês.” NVI.
e) קוץ qowts ou קץ qots- espinho – termo hebraico usada por doze vezes: Gn3.18; Ex22.6; 2Sm23.6 etc. “Porém os filhos de Belial serão todos como os espinhos que se lançam fora, porque se lhes não pode pegar com a mão.” Aqui os ímpios são comparados aos espinhos, pelas suas perversidade serão lançados fora. Serão destruídos porque não querem saber de Deus nem do seu reino justo. (Sl.2.9;110.5,6)
קמשון qimmashown קמוש qimmowsh ou קימושׂ qiymowsh
procedente de uma raiz não utilizada significando picar; cardo ou urtiga, uma planta espinhosa ou sem serventia - espinho – palavra hebraica usada por apenas uma vez: Pv24.31 “eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície coberta de urtigas, e o seu muro de pedras de ruínas.” Versão Almeida Revisada e Atualizada – O texto (vv.30-34) faz menção ao mestre sábio que apresenta uma lição sobre a preguiça, ao observar a vinha abandonada de um preguiçoso. Ele faz uma observação (vv.30-31), uma interpretação (v.32), e uma aplicação (vv.33-34). O sábio é capaz de aprender até com o preguiçoso.
f) שמיר shamiyr espinho –procedente de no sentido original de picar שמר shamar; guardar, vigiar, observar, prestar atenção.A palavra hebraica que aparece por sete vezes: Is5.6;7.23;9.18;10.17;27.4 “Não há indignação em mim; quem me poria sarças e espinheiros diante de mim na grande guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” O retrato da mornidão de Israel para com o Senhor – os israelitas não são “espinheiros e roseiras bravas ou sarças” como as demais nações, mas tampouco confiam totalmente no Senhor. (29.13)
g) ακανθα akantha, espinho – palavra grega que aparece por quatorze vezes: Mt.7.16;13.7,22;27.29;Mc.4.7,18;Lc.6.44 etc.

h) σκολοψ (skolops) essa palavra grega aparece somente em 2 Cor.12.7. Nossa versão portuguesa a traduz por espinho, o que talvez esteja mais em consonância com a nossa maneira de dizer, embora o termo grego não signifique, realmente, espinho. É bom lembrar que σκολοψ (skolops) significando, pedaço pontiagudo de madeira, estaca, paliçada. Que vem da raiz σκελος (skelos) aparentemente de “skello” (secar,da idéia de magreza)
Visto que as várias palavras hebraicas foram usadas sem refletir qualquer classificação cientifica. No original grego, a palavra traduzida por espinho como já vimos é skolops. Esse termo não significa “espinho”, e, sim, “estaca”. Mas devemos entender a passagem em sentido metafórico, não importando muito a tradução exata do termo, contanto que a idéia seja transmitida. Alguns traduzem emprestando-lhe um sentido clássico: pelourinho, estaca, cruz, poste, haste etc. (Xenofontes – Anabases 5.2,5).
Todavia, opinião geral de comentadores e autoridades em exegese do Novo Testamento, que a melhor tradução é realmente “espinho”. Termo comum na LXX (nomenclatura da Sepuaginta – versão grega do Velho Testamento, que se diz ter sido feita por setenta tradutores do V.T ao tempo do rei Ptolomeu Philadelphus, que reinou em Alexandria 285 – 247a.C), em outros documentos gregos da era pós – clássicas, quando a palavra era, então empregadas para indicar “instrumento pontiagudo”.
Esse é único texto no Novo Testamento onde ocorre a palavra grega aqui referida. O termo grego τῇ σαρκί (tê sarki), está no donativo. Isto levou alguns estudiosos a conjeturar que provavelmente indicasse a localização do “espinho na carne”. A chave lingüística do Novo Testamento de Fritz Rienecker/Cleon Roger gramaticamente diz que τῇ σαρκί, o dat. é de vantagem “para minha carne” ou locativo “em minha carne”
Convém logo notar que a expressão “na carne” não indica necessariamente sofrimento físico, sem a referencia carne do apostolo, unida ao substantivo anterior, pode significar que ele recebeu “alguma provação” que fazia o efeito de um espinho na carne.
Se o espinho “na carne” for um mal físico, é obrigatório entender como igualmente de natureza física as “fraquezas” do vrs. 9(no singular) e 10, especialmente os dois últimos. Seria bastante à graça, a fim de receber a fortaleza de Cristo.
Figuras de Linguagem Usadas Para Espinho
Como muitas figuram de linguagem como de retóricas estão no contexto bíblico, os espinhos são um importante assunto em conexões metafóricas. Metáf oras é um objeto tomado por outro ou semelhança entre duas coisas que se aplicam num termo. E espinho neste sentido pode ser:
1. Em Ez. 28.24, referencia as ferroadas produzidas pelo paganismo, o espinho picador. “E a casa de Israel nunca mais terá espinho que a pique, nem espinho que cause dor, de qualquer que ao redor deles os roubam; e saberá que eu sou o Senhor Jeová”.
2. Em Mq. 7.4 é dito que os mais retos entre os habitantes da terra eram como o espinheiro, e os piores, como uma sebe de espinheiros. “O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que o espinhal; veio o dia dos teus vigias, veio a tua visitação; agora será a sua confusão”.
3. Em Jó 5.5; “a sua messe a devora o faminto, que até dentre os espinhos a tira; e o salteador traga a sua fazenda.” Aludem as pessoas gananciosas, que arrancam o alimento até dos órfãos, mas que acabam perdendo tido em seu desvario.
4. Provérbios 15.19 “o caminho do preguiçoso é como a sebe de espinhos, mas a vereda dos retos está bem igualada.” - fala do caminho do preguiçoso, cercado de espinhos. Por causa de sua inércia, ele atrai contra si mesmo muitas dificuldades.
5. Eclesiastes 7.6 “Porque qual o crepitar dos espinhos debaixo de uma panela, tal é o riso do tolo; também é vaidade.” - fala do crepitar dos espinhos, no fogo, são assemelhadas as gargalhadas do insensato.
6. 2Sm. 23.6 “Porem os filhos de Belial serão todos lançados fora como os espinhos que se lançam fora, porque se lhes não pode pegar com a mão.” - os ímpios assemelham-se a espinhos, por serem inconvenientes e prejudiciais aos seus semelhantes.
7. Salmos 118.12 “Cercaram-me como abelhas, mas apagaram-se como fogo de espinhos; pois o nome do Senhor as despedaçou.” - os espinheiros são rapidamente consumidos pelas chamas, ilustrando o fim súbito que sobrevir aos tolos.
8. Naum 1.10 “Porque, ainda que eles se entrelacem como os espinhos e se saturem de vinho como bêbados, serão inteiramente consumidos como palha seca.” - no juízo divino, os ímpios são consumidos como palha seca, mesmo que entrelacem com espinhos.
9. Mt.7.16 Jesus os compara aos falsos profetas, com frutos maus e espinhentos. “Por seus frutos os conhecereis”. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
10. Mc. 4.7 é usado como elementos que prejudicam a mensagem do evangelho, ou impedem-na de efetuar a sua obra, assemelha-se a espinhos. “E outra caiu entre espinhos, e, crescendo os espinhos, a sufocam, e não deu fruto.”
Diferenciando Fraqueza e Enfermidade
E disse: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois; gloriarei-me nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas. Porque, quando estou fraco, então, sou forte”.
A palavra original que se traduz por “fraqueza” ασθενεια astheneia, tem aplicação física e moral. Ao lado do substantivo, o verbo cognato, vertido em português por “enfraquecer”, “ser fraco”, encontra-se no sentido metafórico, no maior dos empregos das cartas paulinas.
Os interpretes tem sugerido várias interpretações acerca do “espinho na carne” de Paulo. Essas discussões sobre a espécie de doença que Paulo tinha e que chamou “espinho na carne”, apesar das excelências dos argumentos, não satisfazem plenamente, e não resolvem o problema. É questão obscura e bastante controvertida definir a natureza do espinho.
O que tudo parece indicar à hermenêutica bíblica está impossibilitado de alcançar uma solução satisfatória e definitiva do problema.
Algumas versões têm traduzido à palavra fraco, fraqueza por doenças, enfermidade, dando a entender o que realmente Paulo tinha era um problema físico, e isto causava muitos males.
Mas quando consultamos alguns dicionários, buscando a etimologia da palavra e seus significados, ai poderá entender alguns pontos fundamentais, sem precipitarmos em nossas conclusões.
O dicionário do grego do Novo Testamento de Carlos Rusconi – Paulus – define o termo assim: ασθενεια astheneia, - subst. < Asthenes – fraqueza.
 Inerente à natureza humana: inconsistente, fragilidade, ICo15. 43 – “Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor.”
 Deficiência física: enfermidade, doença, Lc13.11,12 “E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se. E, vendo-a Jesus, chamou a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade.” – pneuma astheneia πνεῦμα ἀσθενείας, um espírito que provoca enfermidade.

I. Sentido espiritual:
 Insignificância, incapacidade- Rm8. 26 “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.”
 Fraqueza, fragilidade- Hb5.2 “e possa compadecer –se ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza.”
 Ser fraco, imperfeito- Rm4. 19 “E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.”
 Fraco, frágil- Rm15. 1 “Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos.”
II. Sentido material:
 Estar doente, enfermo- Lc4.40, IITm4.20 “Erasto ficou em Corinto, deixei Trófimo doente em Mileto.”
 Ser necessitado, indigente- At20. 35 “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.”
 Lit. falta de força (formado de a, elemento de negação, e sthenos, força), indicando incapacidade de produzir resultados-IICo11. 30 “Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem.”
III. Sentido moral e ético: ICo8.7,10; 9.22 “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns.”
IV. Retoricamente acerca da ação de Deus de acordo com estimativa humana: IICOR. 1.25 “Porque a loucura de Deus é mais sabia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.”
V. Usado em alusão ao corpo: ICo2.3; “E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.”
Como já foi exposto, astheneia, ασθενεια lit. carente de força, estar fraco, enfraquecido, independente como se tenha algum interpretado o texto se de forma literalmente falando o no sentido figurado da palavra, mas é bom entender que fraqueza não se refere propriamente enfermidade, ou seja, nem sempre uma pessoa fraca esta doente, apesar disso vai do que entendemos por enfermidade ou doença. Apesar do corpo enfraquecido este exposto às enfermidades, isso não refere necessariamente a doença. Mas geralmente quem está doente está fraco, debilitado.
A igreja de Corintos existia três tipos de pessoas, um distinto do outro, os fracos (ασθενης asthenes), os doentes (αρρωστος arrhostos) e os que dormem (κοιμαω koimao), lit. “Aqueles que caem no sono, morreram”. ICo11. 30
Paulo tem em mente três tipos ou classes de pessoas dentro da igreja, e isto fica claro que a palavra empregada nem sempre tem um único sentido. Alguns comentaristas acreditam que “alguns” da igreja por terem falhado ao participarem do potencial do poder na celebração da ceia do Senhor e abusarem do seu significado, estavam sob aflição ou tinham sofrido morte prematura. O comer... beber... indignamente v.27, significa participar da mesa do Senhor com um espírito indiferente, egocêntrico e irreverente, sem qualquer intenção ou desejo de abandonar os pecados conhecidos e de aceitar a concerto da graça com todas as suas promessas e deveres.

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